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Notícia

Encerrando um Ciclo

04/08/2014

Por Argos Gonçalves Dias Rodrigues

 

 

Dias atrás li em “Histórias Maravilhosas”, de Orlando Nussi, um texto bastante interessante que se encaixa perfeitamente neste nosso episódio de despedida do atleta João Vitor Martins Machado da Equipe Permanente de Canoagem Slalom.

 

A história relata que “sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver”.

 

João, Joaozinho, Super Jones, seja lá o nome que tenha utilizado para chamar esse grande atleta, mas o fato é que começou conosco no ano de 2002, com apenas 17 anos, na Cidade de Tibagi, na região dos Campos Gerais do Paraná, na primeira experiência da Confederação Brasileira de Canoagem com o projeto Equipe Permanente de Canoagem Slalom.

 

Em pouquíssimo tempo, sob o comando do treinador francês Alain Jourdant, este atleta começou a figurar como um dos melhores canoístas da modalidade K1 do Brasil e assim permanece entre os 10+ até os dias de hoje. Participando na Equipe Permanente, representou o Brasil em vários eventos internacionais e com absoluta certeza deve levar enormes e boas recordações deste ciclo de sua vida que durou 12 anos e que agora está se encerrando.

 

Segundo Orlando Nussi “você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó.

 

Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, sua esposa, seus amigos, seu filho, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado. Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco.

 

O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios.... As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora....Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar”.

 

É óbvio João que não estamos dizendo para você esquecer o seu passado, seus inúmeros amigos, seu esporte predileto, seu condicionamento físico que vai te auxiliar a ter uma vida saudável pela frente. Não é nada disso. Ainda queremos te ver por vários e vários anos competindo pelo Brasil afora, queremos te ver auxiliando no surgimento de novas escolas, novos atletas e etc. O que o texto sugere, é que agora você permita que outras prioridades tomem espaço na sua vida.

 

Ao invés de pensar em continuar representando o Brasil, inicie um novo ciclo, buscando sempre a sua felicidade, lembrando que você veio ao mundo exatamente para isso: “ser feliz”.

 

Neste final de semana fiquei muito alegre em saber que a Confederação Brasileira de Canoagem retirou da família um menino de 17 anos e agora está entregando um homem formado em fisioterapia, culto, falando inglês, espanhol, com mulher e filho, feliz e grato pelo que o esporte auxiliou a conquistar.

 

Não posso aqui representar a cartolagem brasileira desportiva, mas para mim não tem medalha olímpica que compense o dia da formatura escolar de um atleta da minha modalidade. Já te disse inúmeras vezes que a medalha olímpica é muito mais importante para as instituições do que para o próprio atleta. O ouro vira pó em pouquíssimo tempo no peito do atleta, ao contrário da educação que se eterniza.

 

Grande João, em nome de toda Comissão Técnica da Canoagem Slalom brasileira, do Ettore, do Guille, do Tony, Janice, Cidão, Marli, Alain e todos que te auxiliaram de uma forma ou outra, esperamos ter contribuído para você entender a visão, a missão e os principais valores do esporte. Se em todos estes anos de convívio nós tivermos sido competentes o suficiente para ensiná-lo estes fundamentos, pode ter certeza, que bem aplicados, eles serão extremamente úteis em seus novos projetos de vida.

 

A vida é assim, sai um João e entra outro:

       

 

No Campeonato Pan-americano de 2012 vi o atleta canadense David Ford se deliciando ao lado do Canal Itaipu vendo o Guilherme e outros dois garotos de 12 anos fazendo manobras que para ele eram simplesmente maravilhosas para meninos de tão pouca idade. Ficou muito tempo acompanhando a molecada, gesticulando na tentativa de corrigir alguma coisa, que fatalmente eram detalhes técnicos. O que faz um campeão mundial perder tempo com uma coisa assim? Só pode ser paixão.

 

Não deve ter nada mais significativo para um atleta de elite saber que em seu lugar está vindo uma geração tão ou mais talentosa que a sua. Ainda mais sabendo que a sua participação foi essencial para o surgimento e crescimento de um esporte em um País.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Vamos lá João nos encontraremos em breve nas corredeiras da vida. Quero te ver acompanhado de uma nova equipe: a família João Vitor. Um grande abraço e o nosso obrigado de toda equipe CBCa/FEPACAN.

    

 

   

 

 

 

    

 

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