ESTATUTO REGISTRADO-02-06-2025
Pela primeira vez na história da canoagem brasileira os atletas passam a ter mais poder que os próprios clubes filiados. É isso que acontecerá no Estado do Paraná após reforma estatutária aprovada e vigente já para as próximas eleições.
A partir de agora todo atleta maior de 16 anos, devidamente em dia com suas obrigações estatutárias e que tenha participado do Campeonato Estadual do ano anterior ao das eleições presidenciais, terá direito a voto.
Trata-se de uma inovação que quebra paradigmas do esporte nacional. Veja o que diz o Presidente da Federação Paranaense de Canoagem João Emerson dos Santos Kondo sobre o tema:
- Presidente, a proposta é bastante alvissareira e vai de encontro com o que parece ser o desejo de boa parte da comunidade esportiva, porém sempre esbarrando em forte lob político das instituições nacionais que não deixam de forma alguma que suas entidades filiadas percam o poder de decisão, mesmo com a participação mínima imposta por lei dos atletas. Na Canoagem paranaense o senhor mudou completamente essa liturgia, por que isso aconteceu?
Veja, sem nenhuma demagogia de minha parte, partimos de uma simples análise estratégica de desenvolvimento do esporte. Se o resultado dessa ação vai dar certo ou não, só o tempo dirá. Mas o fundamento principal é o seguinte, a FEPACAN necessita aumentar o número de atletas e clubes. Os dirigentes dos Clubes, por sua vez, que tiverem qualquer pretensão ao comando da Federação Paranaense, terão que “produzir” e “cativar” atletas além de fazer que todos eles participem dos eventos estaduais. No outro lado, quem estiver no comando da FEPACAN e pretender aumentar o seu número de votos deve buscar formar novos clubes no Estado. Perceba que o simples ato de oferecer voto ao atleta, acaba com a zona de conforto de vários setores e aparentemente gera um círculo vicioso que poderá beneficiar todo o esporte. Mais atletas, mais clubes e, consequentemente, mais renda para a FEPACAN. A responsabilidade de todos aumenta, inclusive dos clubes.
- Por que o senhor afirma que haverá mais responsabilidade para os Clubes?
A partir de agora foram criadas as seguintes categorias de sócios da FEPACAN: (a) contribuinte ou patrimonial que são os clubes filiados; (b) atleta dependente onde estão todos os atletas maiores de 16 anos, porém “dependente” de uma Entidade de Prática Esportiva, ou seja, se o seu clube não funcionar ele também perderá o direito ao voto, de forma que antes de qualquer coisa o atleta terá que cuidar e cobrar que o seu próprio clube esteja em dia com as obrigações estatutárias; (c) atleta aspirante, entre 11 a 15 anos; (d) atleta iniciante, com 10 anos ou menos e, por último, (e) sócio honorário, apenas aos ex-presidentes. Parece razoável imaginar que se os clubes não encontrarem soluções para os seus problemas internos, a demandada dos atletas será grande pois eles vão querer participar do pleito estadual.
- O peso do voto será igualitário a todos os sócios ou não?
Não. Os Clubes continuam sendo importantes e não queremos quebrar esse protagonismo, além de serem eles os verdadeiros sócios patrimoniais. Se amanhã ou depois a FEPACAN deixar de existir, serão os clubes que definirão o destino do patrimônio. Por esse motivo terão peso 6. Hoje a FEPACAN tem em torno de 10 clubes filiados ou seja, seriam 60 votos, contra algo em torno de 200 votos de atletas.
- O senhor acha que as demais federações de canoagem do Brasil vão seguir esse modelo e, além disso, se esse formato eleitoral seria interessante ou não para a própria Confederação Brasileira de Canoagem?
Quanto às demais federações de canoagem do Brasil, tenho impressão que a realidade de cada uma é muito semelhante a da FEPACAN onde posso resumir em uma única frase: “pior do que está, não fica”. Infelizmente não há espaço para financiamento público das Federações. Apenas as Confederações e Comitês Olímpicos e Paralímpicos, são agraciados com verbas públicas, de forma que se as Federações não conseguirem representatividade estarão fadadas ao insucesso, por óbvio. Dizer que necessitam buscar recursos através de patrocinadores etc, é chover no molhado. Isso não existe no mundo das federações do esporte da canoagem. O dia que uma das Federações conseguir um patrocinador oficial de peso, o planeta marte já deverá estar sendo habitado. Portanto, o que resta a todas é correr atrás dos apoios dos respectivos governos estaduais e municipais e buscar renda com o seu produto que são os eventos e seus associados.
Quanto ao modelo ser empregado na Confederação Brasileira de Canoagem, confesso-lhe que tenho minhas dúvidas. É muito cedo para tirarmos conclusões, por mais democrática que seja a proposta, é necessária uma análise mais aprofundada, pois ao contrário das federações, que não possuem um “pardal para dar água”, a CBCa possui hoje receitas e resultados bastante dignificantes seja através das atividades olímpicas ou paralímpicas. Acredito que neste modelo todos são obrigados a trabalhar com maior profissionalismo e deixar que os resultados digam por si só. Profissionais com resultados ficam. Aqueles sem resultados deverão deixar a função com muito mais celeridade.