O Paraná na Canoagem Slalom

Aconteceu neste final de semana (25 a 27 de abril) na Estância Turística de Piraju, no Estado de São Paulo o Campeonato Sul-americano de Canoagem Slalom e Cross, com a participação de 95 embarcações na Prova de Canoagem Slalom e outras 53 embarcações na Prova de Canoagem Slalom Cross, modalidade que estreou nos Jogos de Paris. O evento contou com a participação de atletas do Brasil, Argentina, Chile, Peru e Paraguai.

O bonito Rio Paranapanema que corta a Cidade é famoso na canoagem pela impetuosidade de suas águas que foge completamente da rotina normal dos competidores dessa disciplina. Um simples dado técnico resume bem essa característica única do Canal de Piraju e esse dado está relacionado ao volume de água. Muito embora neste final de semana o volume tenha ficado abaixo de eventos passados, os atletas remaram com 130 m3/s, isso significa aproximadamente onze vezes mais aos volumes encontrados nas principais pistas de competição do mundo, podendo ser citados Londres-2012, Rio-2016, Tóquio-2021 e Paris-2024 onde absolutamente todos são convencionados para 12 m3/s.

A despeito da sua característica sui generis é um local encantador, ainda mais agora com uma estrutura muito boa de passarelas o que facilitou a locomoção de árbitros, atletas e público. Trata-se de um palco cinematográfico que deveria ser explorado muito mais pela canoagem brasileira para eventos televisivos com imagens radicais, com participação de reduzido número de atletas, como é o caso do “Verão Espetacular” da Rede Globo. Usar as características locais para divulgar o Município e o esporte, como, por exemplo, já acontece com alguns eventos de downhill, sendo o mais famoso o “Escadarias de Santos”.

Já para as competições de canoagem olímpica propriamente dita, o fator sorte limita a qualidade técnica do local, pois em virtude do alto volume de água e a grande profundidade alguns redemoinhos surgem a cada momento em diversas partes da pista, sem falar na difícil possibilidade de resgate em caso de emborcamento com atleta ficando preso em qualquer obstáculo de fundo. Isso tudo é muito desafiador e, por vezes, faz a diversão de alguns atletas como bem relatou o atleta argentino Sebastian Rossi:

“Conheci as águas daqui, tem muito refluxo e ‘coisas estranhas’ que pegam a gente, é um canal com bastante particularidade, mas gostoso demais”.

Independentemente dos resultados onde tudo pode acontecer o Campeonato Sul-americano demonstrou mais uma vez a força da canoagem paranaense.  Ao final o Time Brasil conquistou 28 medalhas sendo 11 de ouro. Dessas 28 medalhas, 18 são de atletas do Paraná, ou seja, 64,28% dos resultados do Brasil. Os atletas medalhistas foram:

……………………………………………………………..  OURO         PRATA     BRONZE

  • Gerson Terres – IMEL-FOZ DO IGUAÇU                  3                  1
  • Milena Sofia – IMEL-FOZ DO IGUAÇU                     1                  1
  • Daniela Sofia- IMEL-FOZ DO IGUAÇU                     1
  • Bruna Siqueira-IMEL-FOZ DO IGUAÇU                                                          1
  • Anna Clara Leal-ATOCA-TOMAZINA                                             1
  • Micaelly de Godói-ATOCA-TOMAZINA                                          1                 1
  • Nicole Gomides-ATOCA-TOMAZINA                                             1
  • Kleber Kerling-ATOCA-TOMAZINA                                                1                 2
  • André Luiz de Paula-SEMEANDO-TIBAGI                                    1
  • Allan Kauã-SEMEANDO-TIBAGI                               1                                     1

 

PEQUENA SUGESTÃO PARA A CANOAGEM DE PIRAJU

Sem nenhuma aresta de petulância, mas apenas na ânsia do Brasil ganhar mais um local espetacularmente apropriado para a disciplina olímpica da Canoagem Slalom, a CBCa deveria resgatar a ideia proposta pelo atleta Pepe Gonçalves que certa feita sugeriu a construção de um canal semiartificial na margem direita do Rio Paranapanema, iniciando ao lado da Garganta do Diabo com as dimensões e o volume necessários para a Canoagem Slalom.

Sem dúvida alguma o local sugerido é estrategicamente bem localizado e não teria grandes impactos no meio ambiente e nas bonitas paisagens atuais. Muito pelo contrário, Piraju ganharia mais um enorme atrativo turístico com potencial de atrair os principais atletas do mundo.

Lembrando sempre que Piraju tem “excesso de água” para a Canoagem Slalom e que na “Garganta do Diabo” passa um volume médio de 140 m3/s, sendo que para o esporte de alto rendimento é necessário apenas 12 m3/s. Desviar esse pequeno volume para um canal lateral a ser dimensionado e estruturado de acordo com os fundamentos técnicos e de segurança do esporte não teria grandes impactos ambientais ainda mais considerando todo o contexto da barragem já existente e etc.

Trata-se de um trabalho de engenharia que está muito longe de poder ser considerado complexo, pois se trata apenas de canalizar algo em torno de 8% da água já existente para dentro de um canal a ser adaptado ao esporte com desnível de 1,5% a 2%. Vai custar caro e dependerá de recursos do Governo Estadual e Federal, mas o que pode ser considerado caro para uma Cidade que já colaborou com quatro atletas olímpicos e uma centena de medalhas para o Time Brasil?

Um canal com a segurança necessária e dentro dos padrões normais do esporte, atrairá atletas e equipes do mundo todo principalmente nos meses de novembro, dezembro, janeiro e fevereiro, onde as águas do hemisfério norte estão congeladas. Trata-se de um mercado turístico milionário que com certeza, tornará o local autossustentável e Piraju confirmará ser realmente a “Cidade da Canoagem”.

 

Copa Brasil de Paracanoagem em Siqueira Campos

Entre os dias 26 e 27 de abril na acolhedora Cidade de Siqueira Campos, localizada no Norte Pioneiro do Estado do Paraná, aconteceu a segunda etapa da Copa Brasil de Paracanoagem. A competição serviu como classificatória para o Campeonato Mundial de Paracanoagem, que será realizado em agosto, na cidade de Milão, Itália.

O Município de Siqueira Campos e a Confederação Brasileira de Canoagem não mediram esforços para preparar o “Balneário da Alemoa” da melhor forma possível visando recepcionar os mais de 40 atletas desta modalidade paralímpica que estiveram presentes e realmente o local não deixou a desejar para nenhum evento nacional e até mesmo alguns de nível internacional.

Segundo declarações em páginas sociais do incansável Secretário de Esporte de Siqueira Campos, Luciano dos Santos, o evento foi um sucesso de público e um show de superação:

“A Copa Brasil de Paracanoagem foi um verdadeiro show de superação e coletividade, com grande público e provas emocionantes”

Disse ainda que:

“Quanto mais importante for o evento, maior será a nossa responsabilidade. A Copa Brasil de Paracanoagem foi mais um dos grandes eventos que realizamos aqui, demonstrando mais uma vez a capacidade organizacional da nossa equipe. O evento foi fantástico recebemos no Balneário da Alemoa várias autoridades, atletas renomados nacionalmente, turistas e comunidade sendo que todos saíram elogiando, isso para nós é o combustível necessário para que continuemos nossa jornada procurando fazer sempre o melhor e assim elevarmos ainda mais o nome da nossa querida Siqueira Campos”.

O evento contou com a participação do atleta com maior número de resultados internacionais para o Brasil. Esteve presente o tricampeão mundial e bicampeão olímpico Fernando Rufino, o “Cowboy de Aço”. A expectativa dele era simplesmente essa:

“A expectativa é sempre chegar na melhor forma física e técnica. Gosto de chegar numa boa forma psicológica também, focado, escutando uma boa moda sertaneja e cumprimentando todos os companheiros de equipe. É a minha forma de me sentir bem”.

Após ter protagonizado um momento inédito recebendo sua premiação montado em um cavalo, gentilmente cedido por um criador local, Rufino esbanjava alegria e soube reconhecer o árduo trabalho do Município e da própria CBCa em oferecer mais um grande evento nacional:

“Só tenho a agradecer ao Município de Siqueira Campos e ao pessoal da Alemoa que juntamente à Confederação Brasileira de Canoagem nos entregaram uma excelente competição. Todos estão de parabéns e quero voltar mais vezes para esse local encantador”.

Por fim, um dos grandes responsáveis pelo evento, o treinador local Marcelo Carsten, que lutou bravamente para conquistar o direito de sediar a Copa Brasil disse estar bastante satisfeito com os resultados alcançados.

“Queríamos de uma forma ou outra agradecer ao Município de Siqueira Campos, na pessoa do Prefeito Luiz Germano e, em especial, o nosso Secretário de Esporte Luciano Santos, que sempre estiveram conosco nessa difícil caminhada de implantar um esporte ainda pouco conhecido da população brasileira. Conquistar um evento para o Município foi a forma encontrada para retribuir, mesmo que de forma pequena, todo o auxílio recebido até os dias de hoje”.

REPRESA DE CHAVANTES

O Balneário da Alemoa é banhado pelas águas do Rio Paranapanema que formam a Represa de Chavantes. Esta Represa possui, além da Alemoa, vários locais excepcionais para a prática da canoagem e por alguns anos já foi palco de training camp de equipes europeias, como a República Tcheca que por dois anos consecutivos escolheram Ribeirão Claro para a temporada durante o rigoroso inverno do hemisfério norte.  Agradou tanto que um ex-atleta theco adquiriu uma casa no Distrito da Cachoeira do Espírito Santo, no Município de Ribeirão Claro, onde passa alguns meses por ano com sua família.

Talvez um projeto bem estruturado com a participação efetiva do Governo do Estado possa ser capaz de resgatar essa captação do milionário mercado do turismo esportivo de alto rendimento, onde as principais equipes do mundo buscam alternativas para treinos durante os meses de novembro, dezembro, janeiro e fevereiro devido ao congelamento de seus locais de prática.

Esse mercado, quando conquistado, modifica completamente a realidade local, pois são alguns milhares de dólares que as grandes equipes gastam para manter de 20 a 40 membros concentrados por 30 a 90 dias com todo conforto que esses atletas merecem. Claro que a estrutura tem que ser digna dos grandes centros de treinamentos, porém, hoje às margens dessa Represa já existem grandes resorts disponíveis para as equipes e a qualidade da água existente é incomparável a qualquer outro local do mundo.

Oxalá um dia essa Represa abra novamente esse mercado para os europeus e norte-americanos, o que vai auxiliar imensamente o esporte no Brasil e alavancar as escolinhas de canoagem que estão sendo implantadas na região, como é o caso de Siqueira Campos, Carlópolis e Ribeirão Claro.